Nesta sessão plenária do Parlamento Europeu, foi aprovado o
relatório do deputado do PCP, Pedro Guerreiro, sobre a organização
comum de mercado dos produtos da pesca e da aquicultura, que contém
importantes propostas para este sector tão determinante para Portugal.
Intervenção
Declaração de voto
Nota do Gabinete de Imprensa dos deputados do PCP ao PE
O Parlamento Europeu votou esta semana, em sessão plenária, o
relatório sobre a Organização Comum do Mercado dos Produtos da Pesca e
da Aquicultura, do deputado do PCP no Parlamento Europeu, Pedro
Guerreiro.
A Organização Comum de Mercado (OCM) dos produtos da pesca foi o
primeiro elemento da Política Comum de Pescas (PCP) a ser estabelecido,
em 1970, tornando-se um dos seus quatro pilares, a par da política
estrutural, da conservação dos recursos haliêuticos e das relações com
os países terceiros, tendo já sido alvo de duas importantes revisões, a
última delas em 2000.
No entanto, estão ainda por concretizar os seus principais objectivos:
garantia de estabilidade dos mercados dos produtos da pesca e dos
rendimentos justos aos produtores.
O rendimento do sector das pescas tem sido afectado por restrições do
lado oferta, por uma forte concorrência externa e por uma
desequilibrada repartição do valor acrescentado ao longo da cadeia de
valor. Verificando-se, ainda, por um lado, a estagnação/redução dos
preços de primeira venda e, por outro lado, o aumento dos custos de
produção, nomeadamente devido ao significativo e continuado aumento do
preço dos combustíveis.
É durante este período de crise que os mecanismos de intervenção
previstos na OCM menos contribuíram para o rendimento do sector. Desde
2000 a despesa média com a OCM dos produtos da pesca ronda os 13
milhões de euros, isto é, menos de metade da média no período entre
1988-1997. Tal facto evidência uma profunda contradição: quando se
justificaria mais a intervenção no mercado, de forma a garantir os
rendimentos dos pescadores, menos esta se verificou.
O relatório advoga, portanto, a necessidade urgente de uma revisão
ambiciosa da OCM dos produtos da pesca que permita aumentar o seu
contributo para garantir o rendimento do sector, a estabilidade dos
mercados, a melhoria da comercialização dos produtos da pesca e o
aumento do seu valor acrescentado.
Existem propostas! Há que concretizá-las!
Tendo em conta que a OCM deveria dar resposta efectiva aos objectivos
para os quais foi criada e que a insegurança dos rendimentos no sector
das pescas decorre em grande parte da forma como se comercializa no
sector, da forma como se formam os preços na primeira venda e das
características irregulares da actividade das pescas, o relatório
avança com várias propostas nesse sentido, entre as quais:
-
O reforço do financiamento da OCM dos produtos da pesca;
- A avaliação se os mecanismos de intervenção existentes são os mais
adequados e se têm a flexibilidade necessária para responder às
necessidades colocadas pelas estruturas de produção/comercialização
existentes nos diferentes Estados-Membros, a fim de melhorar a
comercialização do pescado e de assegurar um rendimento justo aos
produtores;
- A introdução de uma indemnização compensatória para a sardinha;
- A necessidade dos Fundos Estruturais contribuírem para a modernização
e a criação de infra-estruturas de apoio aos produtores na
produção/comercialização, tais como unidades de refrigeração, de
transformação, de transporte e de comercialização/distribuição;
- O apoio efectivo à constituição e ao funcionamento de Organizações de
Produtores, particularmente da pequena pesca costeira e artesanal;
- A avaliação das consequências das relações com os países terceiros,
nomeadamente o impacto dos produtos importados nos preços de primeira
venda;
- A aplicação, aos produtos da pesca importados e comercializados no
mercado interno, das mesmas normas e requisitos que são aplicados aos
produtos da pesca comunitários.
Os deputados do PCP no PE lamentam, contudo, que a Comissão das Pescas
do Parlamento Europeu não tenha considerado outras importantes
propostas que estão no cerne da questão da salvaguarda dos rendimentos
do sector, como:
-
A melhoria da formação dos preços de primeira venda;
- A
instauração de taxas máximas de lucro, como forma de assegurar uma
melhor distribuição do valor acrescentando e de reduzir as margens de
intermediação, garantindo um preço menos elevado e mais justo ao
consumidor final;
- A necessidade de auxílios públicos e a criação de
mecanismos eficazes de intervenção no mercado que inverta a situação da
insegurança dos rendimentos no sector;
- A consideração dos custos de produção como uma das variáveis a ter em conta na definição dos preços de orientação;
- A necessidade de estudar outros mecanismos de intervenção, como as
ajudas ao consumo, para informação, promoção e comercialização de
produtos transformados da pesca com maior valor acrescentado;
- O incentivar a promoção externa dos produtos comunitários da pesca,
nomeadamente a sua divulgação em certames e feiras internacionais;
- A introdução de uma compensação financeira para a redução temporária
voluntária da captura de pescado ou do esforço de pesca, quer devida a
condições excepcionais de mercado, quer a necessidades temporárias de
conservação dos recursos haliêuticos.
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